quinta-feira, 30 de setembro de 2010

nesse lar

limpe os pés e entre,
agora tudo está vazio
mas antes aqui habitava o amor
era simples e singelo
um amor recíproco
mas que durou
não foi muito nem pouco
só durou,
e perdura ainda
entre as poeiras
os montes de sucatas,
e as cascatas que derramei
num pranto desenfreado
agora umedecem o ar
deixando tudo mais frio
e menos aconchegante,
mas não temas
me ajude abrir essa janela
assim o sol entra
e revela a beleza
que ainda reside
nesse lar.


Henrique Rímoli

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pô mba

vai pombinha voe
eu te joguei pro alto agora voe
não vá ficar voltando
eu ja mandei meu recado
agora siga seu caminho
não olhe pro lado
nem volte de vagarinho
ê pomba não entende que te enganas?
ja não tenho mais milho pra você
va procurar outro alguem
que te de o que comer.

Henrique Rímoli

domingo, 26 de setembro de 2010

só lo

é
as querências se modificam,
se amplificam,
ficam ou não fincam,
eu me modifico
e o querer ja não me apetece
ai ja não sei o que acontece
se buscar outro querer é a saída
ou continuar sozinho na vida
hoje sou solo
uma unidade
um
eu
e só.


Henrique Rímoli

domingo, 19 de setembro de 2010

Nada

era pra ser só um encontro casual
coisa simples nada de mal
mas um encontro nunca é apenas um encontro
onde as pessoas se encontram e pronto
o tempo correu e a gente ficou
ou será que a gente correu e o tempo parou?
num dia branco
com flores rosas ou roxas ou violetas
droga não sei distinguir as cores,
o tempo foi o menos importante
e em meio a tantas pessoas
de historias diferentes
de andares diferentes
posturas diferentes,
com pombos vindo ao mesmo tempo
para degustar seu almoço,
me lembrei de um tempo
que eu não precisava
tentar ser feliz
eu estava sendo sem buscar nada
e é sem buscar nada
que acabo ganhando
ganho partindo na contradição
parto um pouco contraditório
com vontade de não ir
mas na certeza que eu fiquei.

Don Rico Rímoli




sábado, 18 de setembro de 2010

toc toc . quem bate? é o frio!

é frio
frio la fora frio aqui dentro
frio na barriga do que não conheço
do que conheço
do que quero mesmo sem saber,
é frio que me faz bater os dentes,
me faz tremer os joelhos
congelar os dedos,
me faz gaguejar
e perder levemente os sentidos
só por estar sentindo,
o frio
toma conta de mim,
vem pelo centro e alcança os extremos,
eu tremo
e temo
que esse frio não acabe.


Henrique Rímoli

domingo, 5 de setembro de 2010

fonética

meu destino destoa
desata do acaso
degrada o agrado
retrai o retrato
reprimi o foco
fórça com força
toda essa desconfiança
leva com leveza
todo tolo
tolera e acelera
aquilo que era pra ser
e espera pra nascer
pois ja foi mesmo sem ser.

Henrique Rímoli

sábado, 4 de setembro de 2010

caçada

me pego dedilhando notas que percorrem todo meu corpo
se impregnam dos meus sentimentos
e te buscam pelo ar
saem por ai numa caçada aos teus ouvidos
mais do que isso
procuram tua pele
teu sentimento
algo que não repele
e que reverbere
fazendo uma união através das simples notas do meu violão
te busco
te canto
te chamo
te amo
com minha canção.

Henrique Rímoli