domingo, 28 de novembro de 2010

trecho do roteiro.

A: o que você tem?

E: o que eu não tenho na verdade.

A: eu já te expliquei

E: ta só que eu, eu quero ficar com você

A: porque isso agora? Se fosse antes, mas agora eu

E: tudo bem.

A: eu gosto de você mas...

E: mas ai ele apareceu e mudou sua vida (irônico)

A: não. É diferente

E: na verdade é tudo igual, com pessoas diferentes, mas é tudo igual, vocês devem se chamar de amor igual a gente se chamava.

A: eu só chamei uma pessoa de amor.


Henrique Rímoli

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

amanhã

hoje me deu vontade de escrever mas sem querer rimar,
sabe aquele desabafo? aquela vontade de expurgar tudo de dentro?
aquela necessidade de falar de você na 3ª pessoa
só pra ter um ponto de vista olhando de fora,
eu to bem, não que você tenha perguntado, mas é que quando as pessoas começam a falar assim
geralmente não estão muito bem, e tentam passar uma imagem de que estão super felizes,
é eu não estou super feliz ainda, mas eu to bem, eu aceito as coisas como elas são e isso me deixa bem, e só.
eu quero acordar amanhã e levantar com o pé direito, amanhã é um dia importante,
aquela mascara que por um acaso é a menor do mundo, a mascara do palhaço, aquela que despi você por completo sabe? aquela mascara amanhã vai ser meu mote, meu habitat, amanhã eu entro num universo feito pra poucos, nem todo mundo consegue viver essa intensidade de maneira simples, não to dizendo que eu sou um privilegiado, uma pessoa melhor que as outras, mas eu respeito a mascara acima de tudo, e amanhã eu vou olhar no espelho e agradecer pra quem quer que seja por mais uma oportunidade de vivenciar o palhaço,
amanhã eu vou dizer hoje eu sou palhaço.

Henrique Rímoli

terça-feira, 23 de novembro de 2010

abraço aperto pele

parece um Déjà vu,
eu você
as pessoas em volta
e nada nos importa,
nossos olhos
se fixam
se encaram
se aceitam,
nossos corpos num sinal claro
de querencia múltipla,
nossas mentes confusas
não param de pensar,
mão
braço
abraço
aperto
lábios
peito
pele.
um turbilhão de nós em nós,
uma reação em cadeia que nos acelera
o tempo passa e não espera,
se a gente deixa passar
ja era,
e se foi
se foi pra não mais voltar.

Henrique Rímoli

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

vai desabar.

vai desabar.
desaba o querer
desagua o findar
desaba sem eu querer
o que eu queria não dá,
vai desabar.
sem que eu perceba
essa onda chega
quebra
arrebenta
tudo o que há,
vai, vai desabar tudo.
desagua esse cantar quase mudo
desaba e faz surgir no escuro
ondas nos olhos fechados,
vai desabar, ja desabou.
levou e lavou com a onda
desaguou sem me dar noticia
retirou toda minha crença
acabou com a esperança.
desabou.

Henrique Rímoli

domingo, 21 de novembro de 2010

(en)contrai

quando o encontro se repeli
fica na lembrança o contato da pele
dos dois corpos juntos
emanando o calor da paixão,
quando o encontro se ausenta
mesmo que a gente queira
falhamos pra nos encontrar,
é tanta contramão
tanta contra-versão
tanta tentativa
e encontro se distrai,
mas você me atrai
meu músculo involuntário se contrai
e você vai,
segue sem me encontrar
volta querendo me amar
duvida do meu querer
e quer sem saber porque.

Henrique Rímoli




efeito esférico

a tristeza uma hora acaba,
mas acaba pra recomeçar.

Henrique Rímoli

sábado, 20 de novembro de 2010

quero querer

de tanto querer o querer
acabei querendo incontrolavelmente,
acabei acreditando em mim,
acreditei que queria
e agora quero acreditar que esse querer
é o querer exato,
exatamente como eu queria não acontece,
mas esse querer também te apetece.

Henrique Rímoli

meia culpa

a culpa é minha,
somente minha e da minha indecisão,
que decidiu se decidir
quando ja não cabia mais uma posição,
a culpa é minha em protelar
e arrastar até chegar num ponto
onde a escolha não é mais minha,
e o fim se fez presenciar.
a culpa é minha
em me martirizar
se nem sei ao certo se é certo assim estar,
a culpa é minha
é mea culpa.

Henrique Rímoli

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

abra ço

tem gosto de saudade
abraço bom de lembrar,
ainda é bom quando é dado
e a saudade matada,
da vontade de não largar
e ficar ali naquele emaranhado
de braço dado
tudo embolado,
tem o mesmo gosto de antes
só que agora um sabor degustado,
é abraço afago afobado
de não querer largar.

Henrique Rímoli

sábado, 13 de novembro de 2010

la é doce lar.

eu construí um lugar para chamar de nosso
bem aconchegante pra gente ficar,
la tem tudo que a gente gosta
e o que não quiser você pode tirar,
então é la que eu vou chamar de lar
então é la que a gente vai morar,
la dentro a gente vai ta protegido
do calor e do frio e do que mais que há,
abre a janela se for esquentar
e depois fecha se o tempo fechar,
então é la que a gente vai morar
então é la que eu vou chamar de lar,
nosso quarto o nosso cantinho
que mais parece um ninho pra gente repousar,
ta tudo lindo tudo arrumadinho
só ta esperando a gente ir deitar,
então é la que a gente vai morar
então é la que eu vou chamar de lar.


Henrique Rímoli


traveis avesso

sabe o avesso?
é assim que as coisas acontecem pra mim
um avesso severo,
não da folga
não alivia,
é avesso que parece que vai da volta,
é tropeço que me invade
de dentro pra fora,
é tanto avesso que não melhora,
que uma hora ficar certo mas demora.

Henrique Rímoli

querer

eu preciso me renovar
eu não quero fazer nada do que planejei,
não quero ver quem eu queria,
eu quero querer tudo de novo.

Henrique Rímoli

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

3/4

eu só queria e nada mais,
querer é metade do caminho
se encaminhar pra conseguir
acaba com mais 1/4,
conseguir completa tudo,
e o que vem depois?
o que fazer para manter aquela querência de antes,
disquerer e querer de novo?
ficar querendo mais antes de completar tudo?
não querer depois de ter conquistado
é amargar a derrota da vitória,
vitória que não vai fazer sentido
se não estiver sentindo.

Henrique Rímoli

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

felicito.

expurgado o repúdio impregnado
absorvo o findar já esperado,
proclamo e felicito o meu eu liberto
simplório e solícito de peito aberto,
meu eu sólido, fluido e sublimado
repeli seu desvelo antônimo desvairado.

Henrique Rímoli



vivendo e aprendendo a findar.

Henrique Rímoli

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

despedida desmedida

acho que eu queria modificar o rumo das coisas
por medo de não conseguir mudar,
é bom que tudo tenha acontecido assim,
assim sem mais nem menos
apenas a medida exata,
ou a falta dela.
você me conduziu
e eu me deixei levar,
levar com você,
pra você,
mas hoje a musica parou
e a gente sem se perder no olhar
se soltou,
e a distancia nos atingiu em cheio,
e no meio daquilo tudo
eu suspirei,
fechei os olhos
e quando eu abri você não estava mais ali,
eu sorri meio de canto de boca
e segui cantarolando qualquer canção.


Henrique Rímoli

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

hora tudo, hora nem tanto

entra na minha estrada
e caminha comigo,
hora me faço lento
hora me faço rápido,
tento não andar
lado a lado,
impossível
você está sempre comigo,
imprevisível,
de repente você some
e mais de repente ainda aparece,
na ausência a sinto
se esta perto a ignoro,
não tenho certeza de mim
muito menos de nós,
eu não quero partir
esse laço que há,
não quero fazer esvair
essa sua vontade de mim,
mas também não sei se quero tudo e sem fim.

Henrique Rímoli

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

sabe-se-la

eu não consigo escrever o que estou sentindo
talvez seja porque eu nem saiba o que estou sentindo,
talvez seja porque eu quero sentir e não sinto,
eu não sei.
mas eu queria tanto saber
se é isso o que quero
ou deixo de querer,
seria mais fácil se eu conseguisse escrever sobre,
mas sobre o que escrever se eu nem sei o que é,
se eu quero ou deixo de querer.

Henrique Rímoli