quarta-feira, 20 de outubro de 2010

morro de amores

foi uma despedida seca, grossa e fria,
sem toque, sem lágrima, sem olhar pra traz,
se afastou como se nem o conhecesse,
como se ele fosse um estranho que acabou de perguntar as horas,
ele em contraponto segurando pra não se desmanchar
e não se inundar em prantos,
ele se contem e esboça um sorriso olhando em volta,
mera fachada, la dentro seu coração arde
como se levasse uma facada,
entre milhares de coisas que passam na sua cabeça,
ele pensou em tudo menos em se mover
e ali ele pensou nos anos que viveram juntos,
aniversários, natal, ano novo, páscoa,
todas as festividades, lembrou de cada passeio,
de cada presente, de cada sorriso,
lembrou da roupa do primeiro encontro,
estático, imóvel, lembrou da ultima viagem
uma tentativa de reascender o relacionamento,
não adiantou,
ele pensou que se não vivesse mais não teria que sofrer por amor,
pensou mas não teve coragem de se mover,
e foi quando terminou o pensamento e o arrependimento de ter pensado em se matar,
ele não sentiu nada, mas foi atingido por um carro,
ele que estava no meio da rua permaneceu nela,
ainda imóvel, estático, morto de amor.

Henrique Rímoli

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